Hoje a minha avó foi para a porta de casa à espera que
alguém passasse. Passou um grupo de miúdos, não interessava. Depois passou um rapaz,
que ela achou que já tinha idade para a ajudar a resolver o problema. “Bom
dia, será que me podia abrir aqui este frasco de tomate?!” Tenho a certeza que
o rapaz pensou o mesmo que eu na altura que a minha mãe me contou isto “Agora
é que é, passou-se de vez, a mulher não está boa.”
Dois segundos depois, magia: “Já está minha senhora.” A
minha avó agradeceu e disse que estava à meia hora de roda daquilo e como o
marido não estava em casa, foi para a rua pedir auxílio, porque tinha que fazer
o almoço.
Agora que já passaram algumas horas, eu fiquei a remoer, sim
sou uma desocupada que não tem nada para fazer, que podia pensar em achar
soluções para a crise ou para acabar com a guerra em Israel e afinal estou aqui
a pensar na atitude desesperada da minha avó.
Não presto, mas a senhora tem razão, os frascos são um dos maiores inimigos das
mulheres. Não abrem à primeira, dá-se uma palmada no fundo para ouvir aquele “clic”,
não abrem à segunda, ah isto é das mãos molhadas, vai-se buscar um pano, não
abrem à terceira, epa isto está mesmo colado, faz-se uma força desgraçada e não
abrem à quarta. Chegamos a um estado de desespero tal, porque usámos todos os truques
e não abre, será que comprei o único frasco que estava lacrado no meio dos
cinquenta que havia no supermercado?! A minha mãe não me ensinou todos os mandamentos para abrir frascos, onde falhei?!
Até que depois de nos passarem mil coisas pela cabeça, mas
atenção, isto num timing de 5 segundos, resolvemos chamar o marido, o namorado,
o amantizado, o irmão, o pai, o avô, o padrinho, o primo afastado, alguém do sexo masculino já com barba: “é
isto que queres abrir?” Lá está, em dois segundos abrem o frasco. Ainda resmungam
porque estavam a ver a bola e não compreendem a dificuldade em abrir aquilo.
A nossa sanidade mental, aí nesse momento, é qualquer coisa… pomos
tudo em causa. Como é que é possível ter estado tanto tempo de roda de um frasco, usar todas as manobras e depois É AQUILO! AQUILO! O frasco abre milagrosamente,
como se nada tivesse acontecido, como se não tivesse teimado em não abrir
minutos antes, filho dum grande frasco.
Há também o cúmulo dos cúmulos dos frascos, nas nossas diversas
tentativas, neste caso a quinta tentativa, que é aquela em que nós antes de
optarmos por chamar alguém de barba rija, conseguimos abrir o frasco e ele
entorna grande parte do conteúdo pelo chão, pela roupa, pelas mãos, por aí… com a agravante boca masculina: “Porque é que não me chamaste para abrir
isso?” Ggggrrrrrrrrrrr, que ódio.
Uma coisa é certa, a minha avó tem razão, ainda não
enlouqueceu, porque há coisas que só os homens são capazes de fazer, neste
caso, abrir frascos.
Mó de Moreira
Boa tive conhecimento desse caso, quem está enrascado desenrasca-se.
ResponderEliminarUm beijo
J.Camacho