15/06/2011

Que Igor te acompanhe...




É com muita tristeza que anuncio aqui, ao morto e a preto e branco, o falecimento do Snoopy. O cão de raça indefinida aqui da rua, foi-se, bateu as patinhas. Hoje acordei em sobressalto, a ouvir tanto alarido aqui na rua, abri a janela e vi a vizinhança a consolar a sua Dona, “Morreu de quê?”, entre um soluço e outro, saiu-lhe um: “de enfarto”. Eu não aguento tal português, tão mas isto é assim, têm permissão para trocar todas as palavras que acabem em “te”, “que”, para “to” e “co”. Pelos vistos, sim. É uma América, pequena, muito pequena e sem Obama. Agora, “Sinoopy”, meu pulguento, vais ladrar, rosnar e marcar território para o “canimitério”, lá com todos os da tua não raça e vais ver que, quem lá manda são pit-bulls e boxer's  e não rasteirinhos como tu, tá??? Não tenho nada contra o animalzeco, atenção, depois de morto então, zero. Não quero cá que ele me assombre. Estou só a aproveitar para o pôr no lugar dele, sei que as minhas canelas estão fora de perigo e já posso dizer o que quero. Fora isto, quem consola agora a vizinha?! Chora que nem uma madalena, com recheio, tal é a quantidade de base, que desliza cara a baixo, fazendo cada lágrima, galgar cada ruga, com peso às costas. Um mini-dakar, portanto. O resto da “trupe”, consola-a, e a vizinha que nunca está de gateira, diz-lhe: "chegou a hora dele…" Mas quê?! Sim senhora, deve ter sido isso pois, enquanto ela orava pela alma de todos os cãezinhos, eis que lhe aparece "Igor, o grande Deus da Raça Canina", ( adoro inventar… ) e diz: “ amanhã, por volta das 9.17m ( hora que a vizinha da frente dorme, EU ! ), entrará pelo corpinho do Snoopy, cão muito amado na rua, uma espécie de um “coiso”, que levará a sua Dona a achar que é um “enfarto”. Bruxa. Quando não está nas orações, está detrás das persianas e depois vai para a loja dizer que nem sabia que fulano andava com fulana. Bom, agora saio de casa e?! Tenho de dar os pêsames?! Fingir que não ouvi nada e perguntar: “tão o que aconteceu?” Se passo por elas e não pergunto nada, ainda não dei a curva, já o Snoopy foi esquecido e começam a cortar-me em pedacinhos tão pequeninos, que dá para me porem dentro duma caixa de fósforos, cheia. Ora vamos lá a isto, “Bom dia, tão hoje o Snoopy?!” ( que facada… foi mesmo bem pensada, esta… ) Eis que o soluço da Dona quase que me deixa cair, “Morreu”… “A sério??” ( eu, com ar de pasmada… ) Vira-se a bruxa, “Tão menina íamos agora brincar com isto”… “Não por amor de Deus ( ou devo dizer Deus Igor )… Óóóó, tadinho! Esta rua nunca mais será a mesma, sinto muito… ( eu, com ar de quem está a sofrer… ) O tempo cura tudo, que é preciso é força. ( esta é aquela frase que abrange muita coisa e nada ao mesmo tempo.. que fica sempre bem dizer quando morrem… cães, gatos ou tartarugas… ) ” Nunca lhe diria para arranjar outro, aliás não o fará, digo eu, e espero eu. Volto as costas e vou à minha vidinha, ganho as mesmas porque vão dar no corte e costura, está-lhe no sangue, mas talvez menos, dado o apoio que dei à minutos atrás. Vou, mas a pensar, se devia ter perguntado a que horas era o funeral, só para o caso de ainda ter que ir comprar um ossinho, já que o canídeo não gostava de flores, vi eu, nunca sobreviveu aqui um vaso, mais de 24 horas. Atenção, eu não estou contente pela morte do animal de quatro patas, chato que nem uma mosca, ou duas, ou por eu já poder dormir sem ser acordada por aquele ruído indefinido, a que davam o nome "ladrar". Não, alguma vez. Oremos!

P. S. – Parece que lá onde o Snoopy está, não há internet… Logo não lê isto, logo não me assombrará… e não me pede o osso que não c
omprei.


Mó de Moreira

1 comentário:

  1. Fiquei chocado com a morte do SNOOPY. não sabia que era tão estimado na tua rua,e para mim a grande novidade é o Deus IGOR ser protector dos cães, vamos sempre aprendendo.
    Tens uma vizinhança e peras que Deus ta conserve.

    JSFC

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