07/06/2011

Que entre duma vez por todas, nessas cabecinhas...


Temo pelo verão. Coitadinho. Anda a tentar espreitar, mas vem sempre uma nuvem de inverno, ofuscá-lo. Não há paciência para andar a empacotar kilos de roupa, que supostamente já não faz falta e depois desempacotá-la para achar um casaquinho que se veste de manhã, de tarde já não, e à noite lá volta ele ao corpinho. Já para não falar dos pés, afinal de contas é para andar com eles de fora ou não?! São Pedro, filho, orienta-te, sei que o mundo está de pantanas, mas ao menos importaste de por cada estação no sítio certo?? Eu vou mandar-te um pedido quase de joelhos, por escrito, para a tua mansão, na Avenida dos Anjos, Apartado – Nuvem 13, 1977 – Céu Codex, juntamente com um saco com fecho, um cadeado com código ( este só te chegará às mãozinhas lá para Outubro) e tu encerras este clima desagradavelmente indeciso, bem encerradinho, ok ?? Isto não faz grande diferença aos senhores, mas está a matar a cabeça às senhoras. A razão é simples, temos muita roupinha da moda para estrear, muita flor para passear. Nesta altura do campeonato já habitam, umas graminhas ( pesadinhas ) de roupa no guarda-fato ou no guarda-roupa-com-etiqueta-que-nunca-mais-acaba, prontas para verem a luz do dia. Como é que fazemos para dar um lar acolhedor a tanta roupa?? Nós mulheres, aqui não damos hipóteses, conseguimos arranjar sempre mais um espacinho, aqui e acolá, o truque é arrumar, isto é, aglomerar, muito bem a roupinha do esposo, de maneira a que ele tenha direito a 7% do espaço e mesmo que refile, que a roupa dele é a mesma de há anos, e emita mais um som ou outro, calem-no logo, dizendo que se começa com muitas, não há nada mais fácil que lhe fazer a mala ( basta um saco daqueles, amigos do ambiente, do Pingo Doce ) com a roupa suja e vai pedir à mãezinha dele que a lave e a passe a ferro. E não ouse sequer abrir a boca para soltar um: “ Não achas que tens muita roupa ?? “, porque… of course not baby, nunca acharemos isso, mentalizem-se. Queixem-se a quem não nos deixa usar os mesmos padrões de ano para ano, mudam-nos sempre radicalmente, e uma pessoa depois tem que estar sempre na mesma onda da tendência estipulada para cada estação, mesmo que se solte um: ”Ai este ano as cores são para esquecer, não há nada de jeito.”, dito, com dois ou três sacos na mão à porta da loja. Sim, foi com o teu visa. Outros sapatos?? Raio do homem. Quando é que percebem que sempre que há novo trapinho, há novo sapatinho, nova malinha e novos pequenos acessórios que só ficam bem ali. E que secalhar podem vir a ser conjugados também, com um vestido ou uma saia, que achámos, por acaso, quando procurávamos um modelito para emprestar à prima dele que vai a um casório. Prima essa, que ainda vai ter que levar uma lição, sobre tudo o que não pode, que é proibidíssimo, que jamais em circunstância alguma, pode pôr com aquele vestido, tarefa árdua, que me vai ocupar umas horinhas. Nem quero imaginar a possibilidade dela se inspirar numa das Ronaldas, eu ter um ataque cardíaco e ser enterrada num caixão com diamantes “CR7” na tampa. Que arrepios, credo cruz. Maridão, importas-te que ocupe ali aquele cantinho, onde tens as sapatilhas, com que nunca vais jogar à bola, para lá serem expostas as duas últimas aquisições by H&M ?? Pergunta feita com o telefone na mão, já no número da sogra, não vá a coisa descambar e… “Claro que podes… “. Óh, tão querido, quem é o maridão mais lindo que se queixa tanto, mas que adora andar de mão dada com a esposa mais fashion do bairro e arredores, dos arredores, dos arredores?? Beijinho e até já, que eu vou aos CTT, enviar a carta ao senhor que está nos céus a embirrar com o tempo. Dilema, calço estas ou estas?!


Mó de Moreira

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